terça-feira, 28 de julho de 2009

a madrugada

ele dormiu primeiro. ele nunca dorme primeiro, essa noite meus olhos paralizaram arregalados.
ele dormiu primeiro. sua boca aberta, seu ar de riso, seu beijo pedido de boa noite. "vai não, fica perto de mim", eu queria não pedir, as vezes. ele sempre diz que tá aqui, sempre diz que tá comigo. eu sei que está, é que tem hora que minha loucura me impede de sentir. é óbvio que ele está comigo, dá pra ver sem olhar, até. eu prefiro olhar pra ele, até aqui de longe, eu gosto mesmo de olhar pra ele. como pode ele ser tão lindo? eu me apaixono pelo seu não fazer nada.
a luz da tv reflete no seu rosto, eu me virei pra mudar o canal e ele pegou minha mão e colocou em seu peito. eu já não consigo querer ficar longe dele.
antes que ele deitasse eu chorei. quando ele me beijou eu chorei. chorei enquanto ele me abraçava. "é muito forte o que eu sinto". as pessoas falam de amor, mas é só mais um nome. eu não conheço direito isso que parece doer sem problema, que fica querendo sair e engasga. parece tristeza feliz, eu não sei direito. eu tenho medo do novo. eu gosto.o melhor é que eu gosto.
ele está dormindo agora. eu não sinto sono, mas prefiro me deitar ao lado dele até que apareça.

sábado, 18 de julho de 2009

antes de acordar

tive um pesadelo, de não querer mais fechar os olhos pra não voltar.
eu acordei e não estava só. pude contar do sonho ruim e segurar sua mão, que é pra passar o medo. era uma casa, que tinha eu e vários amigos, uma casa com um quintal grande.
tava todo mundo do lado de fora, tinha outra casa que usava o mesmo quintal. era nessa outra casa que tinha essas outras pessoas, e a sensação deles por perto era ruim, pesada a energia, e a batucada deles me deu arrepios tristes. em todo mundo que tava. foi quando apareceu esse cachorro, correndo, preto, latindo com raiva, deixando todo mundo com medo. algumas pessoas correram pra casa, e o cachorro ficou latindo parado na porta, a porta do meu quarto que dava pro quintal, quando virou e olhou pra mim. eu ainda tava lá fora, olhando pra ele agora.
quando ele veio, eu gritei pra ele sair de perto, eu sentia uma energia ruim nele. eu falava pra ele parar, com raiva e medo, mas ele parecia rir. o cachorro era uma menina, que eu gritava "xispa" e ela ria e me mostrou o dedo de enfiar no cu. eu fiquei com mais medo, e mais raiva, quando o guto falou como ela ia parar. com meu dedo indicador, no pulso dela, fazendo um som de ar soltando com a lingua entre os dentes, era estranho, mas era assim.
eu fiz sozinha e ela ria, ainda, olhava pra mim e ria. foi quando ele colocou o dedo dele na nuca dela, onde concentra a força da gente, eu coloquei o meu e diogo também. foi quando ela caiu, ficou com a cara no chão, e ainda falando, ficava fraca mas continuava mostrando-se forte.
foi quando entramos, no quarto. a porta do quarto dava pro quintal, minha cama tinha o forro amarelo. entramos. eu perguntei se diogo tinha fechando a porta do quarto, ele disse que sim. ela levantou e ficou com a cara na porta, ainda falando, pra que eu escutasse, falando de uma seita, sei lá, alguma coisa secreta, dizendo que tinha ciumes de mim, que não me largaria, coisas que ela ainda falou quando tava no chão.
eu abri meus olhos e meu coração tava disparado. acordamos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

à dor de perder

se fecho meus olhos, vejo seus olhos verdes, olhando pra casa, onde ela deveria estar agora.
como dói saber que nunca mais vou vê-la. minha rainha, que tantas vezes levou a luz pra onde estava, minha menina lilo, com seu rostinho de quem sempre quer carinho, queria.
o seu corpo no asfalto, os comentários de quem não a conheceu - ela ainda está viva! olha só as tripas ela pra fora! - , de quem não a amou. como dói perdê-la de mim, como aperta meu coração a falta que ela já me faz.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ela vem

acordar com angústia, sem saber o que foi o sonho é de dar agonia, de tentar fechar os olhos pra dormir mais um pouco e acordar melhor, se dorme, ainda acorda assim.
essa manhã eu chorei.